De onde surgiu a Liga de Leigos, e por que decidiram usar este nome “Leigos”?

 

A primeira Liga de Leigos da IELB data, possivelmente, de 1948. Outras foram fundadas nos anos seguintes. Durante a Convenção da IELB, em 1951, representantes leigos se reuniram para tratar da possibilidade de fundar uma Liga de Leigos Luteranos no Brasil e para debater sobre o papel dos leigos na obtenção do auto-sustento da IELB.

O assunto voltou a ser discutido por ocasião da Convenção de 1959. Numa sessão especial dos leigos, os mesmos decidiram se empenhar pela fundação de uma Liga de Leigos em cada paróquia da Igreja, e resolveram que uma associação geral dessas ligas seria formada na próxima convenção. Não obstante, mais de uma década ainda passaria antes que a ideia da Liga Nacional fosse concretizada.

Numa reunião por ocasião da Convenção da IELB, em 1963, os leigos presentes decidiram solicitar a colaboração dos pastores na fundação de ligas de leigos e sua orientação no trabalho da Igreja. Já na Convenção anterior, em 1962, os leigos escolheram uma comissão para elaborar normas para a formação de uma liga de leigos em âmbito nacional.

Na noite de 2 de fevereiro de 1965, por ocasião de uma convenção da IELB, aconteceu a fundação da Liga NacionaI de Leigos Luteranos, que teve duração efêmera. A atual Liga de Leigos Luteranos do Brasil, LLLB, foi fundada em 16 de janeiro de 1971. Hoje a LLLB conta com 145 departamentos filiados.

Que significa o termo leigo?
Em nossa época, num sentido bem geral e popular, a palavra “leigo” é usada muitas vezes com um significado negativo, para descrever uma pessoa que não conhece bem certo assunto, que não é especializada numa certa temática e que não é profissional em determinada área do conhecimento.

Mas, qual é a origem da palavra leigo?
Do grego moderno laíkos, pertencente ao povo. Etimológica e historicamente, leigo se refere aos membros do laos ou povo de Deus. Aos poucos, passou a designar as pessoas que aprendem e são guiadas, em distinção das que ensinam e guiam. A partir do século III, a cristandade começa a ser descrita e dividida em três estados: clérigos, monges e leigos. Essa distinção se firma no século 11. A palavra já aparece na Prima Clementis : sumo sacerdote, sacerdotes, levitas, leigo.

Hoje, em muitos contextos, se associa as pessoas leigas em oposição aos entendidos, aos intelectuais e aos profissionais, dando a palavra “leigo” um sentido de simplório, incapaz, ignorante e sem conhecimento ou experiência prática. Daí a conhecida expressão: “Eu sou um leigo no assunto”.

Em que sentido esse termo é empregado na IELB?
Na IELB, o termo leigo é usado para fazer a diferença:

  • entre os clérigos e os membros em geral da Igreja;
  • entre os cristãos pastores e os cristãos não-pastores;
  • entre os que exercem o Ministério Pastoral e os que exercem o Ministério Sacerdotal.

Quanto ao uso do nome “Leigo” o falecido professor Leopoldo Heimann escreveu:

“O assunto vem sendo estudado e discutido ao longo dos séculos. As interpretações são muitas e diferentes. As propostas também. Mas ainda não se chegou a um conceito melhor. Os debates continuam abertos. Também na minha Igreja houve muitas proposições com nomes alternativos. Mas, no momento, na IELB, o termo ‘leigos’ designa pessoas que não exercem o Ministério Pastoral. Não, o termo leigo não aparece na Bíblia. O verbete mais próximo usado no original do Novo Testamento é laos, que tem o sentido de povo em geral, de nação, de multidão. Ao se referir aos cristãos leigos, a Escritura normalmente emprega a expressão povo de Deus.
O que nós, hoje, entendemos por leigo, a Bíblia confere o belo e honroso nome de povo de Deus. E esse é um título muito belo, significativo e distinto. É um nome rico, bonito, significativo e próprio: povo de Deus, pessoas de Deus, gente de Deus! Já entrou no meu cérebro, em minha alma e em meu coração! E acrescento: irmão leigo, você deve embelezar, defender, valorizar este título de leigo, porque na verdade ele simboliza o título honroso – povo de Deus! Logo, sempre que aparecer o termo ‘pastor’, estou me referindo à pessoa que exerce o Ministério Pastoral na Igreja. Sempre que aparecer o termo ‘leigo’, estou me referindo à pessoa que exerce o Ministério Sacerdotal na Igreja. É o cristão pastor. É o cristão leigo. Da mesma Igreja.
Dentro da estrutura administrativa da IELB, o conceito de leigo é tão antigo e claro que foi criada uma entidade nacional com o nome de Liga de Leigos Luteranos do Brasil (LLLB). É o departamento nacional dos homens, ao lado de duas outras organizações nacionais leigas dentro da IELB: a LSLB, formada pelas mulheres da Igreja, e a JELB, formada pelos jovens da Igreja. São as três organizações leigas, de âmbito nacional, dentro da minha Igreja. Sempre, pois, que falo em ‘leigos’, não estou pensando só nos homens mas também nas mulheres e nos jovens. E isso é importante. A LLLB e a LSLB e a JELB são departamentos formados por leigos da IELB – que é o povo de Deus da Igreja.
Pastores e leigos (homens, mulheres, jovens e crianças), em conjunto, podem cumprir o Ministério da Pregação da Igreja e construir uma IELB que Deus gosta e abençoa na proclamação do Evangelho de Jesus Cristo.”

Referências: Leopoldo Heimann em “Os Leigos da minha Igreja”; Paulo W. Buss em “Um grão de mostarda”.

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